segunda-feira, 21 de março de 2011

A Vida de Nelson Mandela

  O heroi nacional Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, em Qunu, região do Transkei, de etnia xhosa.
  Ele ajudou a fundar o ANC Youth League (Liga da Juventude destinada a pessoas entre 14 e 35 anos com o objetivo de ensinar como construir e resolver problemas da juventude).
  A partir de 1952, iniciou uam viagem pelo país organizando resistência à legislação discriminatória vigente na África do Sul. Formado em direito, continuou lutando contra o apartheid até ser preso em 1962. Mesmo na prisão, ele já era um heroi e um símbolo da igualdade e justiça social.
                                      Local onde Nelson Mandela esteve preso.
                                                Fonte: Arquivo Pessoal


 Aos 72 anos, em 1990, 27 anos após sua prisão Nelson Mandela foi libertado.
 Em 1993 recebeu o Prêmio Nobel da Paz e em 1994, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Comandou a transição do regime de minoria branca e dividida para um governo democrático.

                                                       Nelson Mandela  
                                Poster oficial como presidente da África do Sul
                            Foto: http://www.africa-turismo.com/africa-do-sul/

http://www.africa-turismo.com/africa-do-sul/mandela.htm



Deixe a liberdade reinar

Por Cinthia Jardim

                      Nelson Mandela comemorando sua liberdade com o povo sul-africano
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDpz23MErFBu8qTdReTv9H1YzpXARH68_8hRbh_R4xxTqIolrtB7tOKnWtwd4NEtrlLAHVw6K_SJmeuFn9Ukm6jdhALmhEwLgiicsJ74oaxXv5KEcrLyvsi5vMp2vOoWkaR0EPc9dRYMI/s1600/20080719005746.jpg


  Era 20 de junho de 1980, Aduoa acorda e percebe o sol entrando pela fresta das madeiras que compõem a parede do quarto. Sente-se bem, apesar do desconforto causado pela barriga nos últimos 3 meses. Abimbola dá sinais que está prestes a nascer. O pequeno chuta, a mãe sorri, não sabe ao certo se mais de alegria pela chegada do primogênito ou se de preocupação por não saber como será sua vida dali para frente.
  Yejide, mãe de Aduoa já está no quintal, lava algumas peças de roupas doadas para Abimbola. Olha para a filha e, em seguida para a barriga dela, sorri aberto mostrando os poucos dentes apodrecidos na boca e diz:
 - Adu, minha filha, pode voltar a se deitar, Abimba vem hoje mesmo, bem que percebi que hoje seria um dia diferente.
 No mesmo dia Abimbola nasce, apesar de Yejide ser parteira a muitos anos, Aduoa teve um parto complicado, perdera muito sangue e teve de ser levada às pressas para um hospital.
  Eram tempos difíceis, a África do Sul era governada pelos brancos de origem europeia (holandeses e ingleses) que governavam em benefício próprio em detrimento de direitos básicos aos negros.
Yejide viveu as consequências do apartheid, viu 3 netos morrerem de diarreia, contaminação alimentar e cólera por não terem saneamento básico e atendimento médico adequado, além de seus outros 2 filhos vítimas da AIDS que infestava os bantustões (bairros só para negros). Aduoa e agora Abimbola eram a única família que lhe restara.
Yejide pediu ajuda aos vizinhos para ir ao hospital que ficava longe dali. A criança enrolada em uma fralda nos braços da avó, Aduoa desmaiada numa maca na calçada e uma longa fila de pessoas em todas as situações: doentes terminais de AIDS, baleados, acidentados, idosos... negros.

                                              Mulher sul-africana e sua filha

  De repente um grupo de jovens animados passa distribuindo panfletos com uma foto de Nelson Mandela e os dizeres: "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!"
Por um momento Yejide se esqueceu de onde estava, abriu um sorriso largo e disse para um dos rapazes do grupo:
- Mas Madiba é um danado mesmo, nem as grades da prisão podem calar sua voz. Será que meu pequeno Abimba ainda verá nosso povo livre? - disse apontando para o bebê.
O rapaz retribuiu ao sorriso e, tomando Abimbola nos braços disse:
- Verá sim, nós veremos. 
Aduoa já está morta quando é atendida, a hemorragia não foi contida a tempo e a jovem perdera sangue demais. Yejide não chora, sua vida a tinha feito forte, sabia que se lamentar não mudaria nada. Ao contrário, quis se alegrar e crer que Abimbola ainda veria a África do Sul livre pelas mãos de um negro, pelas mãos de Madiba. Que o neto poderia se casar com uma branca caso a amasse de verdade, que poderia andar por onde quisesse sem ser proibido pela cor de sua pele, que teria uma educação de qualidade.
  É 11 de fevereiro de 1990, Abimbola está no terreno abandonado em frente sua casa jogando futebol, quando ouve a alta comemoração que vem de longe; meninos, meninas, homens e mulheres correm cantando um hino tão conhecido por ele, o hino da África do Sul:
Soa o chamado para nos unirmos,
E juntos, nos fortaleceremos.
Vivamos e lutemos por liberdade,
Na África do Sul, nossa terra
- O que aconteceu? - pergunta o menino para um dos passantes.
- Madiba está livre! Lutemos por liberdade!
Abimbola corre para dentro de casa, a avó está em prantos em frente a televisão. Todas as emissoras sul africanas noticiam a liberdade de Nelson Mandela 27 anos após sua prisão por conta de sua luta contra a segregação racial.
  O menino abraça a avó que durante os 10 anos de sua vida lhe ensinara sobre Nelson Mandela, o homem que libertaria a África do Sul tão logo ele mesmo fosse livre.
Corre para a rua e olha o sol imponente que se põe à sua frente e uma frase de Madiba ecoa em seus ouvidos: "deixe a liberdade reinar. O sol nunca brilha tão glorioso como diante de uma conquista humana."


domingo, 20 de março de 2011

Economia

  A economia sul-africana até a I Guerra Mundial baseava-se na agricultura e mineração (diamantes e ouro).  Após a II Guerra Mundial, a indústria começou a se desenvolver e atualmente é um dos setores mais lucrativos da economia do país. O principal deles é o turismo.
  Com cerca de 18% do PIB total do continente africano e 45% da produção de minérios, a África do Sul é o país mais rico e industrializado do continente.
  Também, possui a bolsa de valores de Johannesburgo que representa 17ª maior do mundo e setores financeiros de: energia, comunicações e transportes bem desenvolvidos.
  Com os recursos naturais em abundância, a África do Sul é a maior produtora mundial de ouro, platina, cromo, vanádio e manganês. É, também, grande produtora de diamante, urânio e gás natural, dentre outros.   No ano 2000, a platina foi a maior fonte de renda do país, ultrapassando o ouro.
 Contudo possui muita desigualdade social e a taxa de desemprego de 21,7% (dados de 2008), é uma das maiores do mundo. Metade da população vivia abaixo da linha de pobreza, até o ano 2000.

Moeda
A unidade monetária é o Rand ("R"). Um dólar corresponde a cerca de 6 Rands e, um Real, a aproximadamente 2 Rands.

                                                 Cédulas da África do Sul
                                                Fonte: Arquivo Pessoal
Fonte: http://www.africa-turismo.com/africa-do-sul/economia.htm


     A influência da URSS na luta armada sul-africana antiapartheid

Por Mariana Sales da Silva

  Os partidos da Congress Alliance, opositores ao governo Sul-africano que implementou a política de segregação racial, o Apartheid, necessitavam de recursos para manter-se.
  A partir disto, os integrantes do Partido Comunista Sul-Africano (SACP), começaram então, uma busca internacional para a captação de recursos. Por intermédio do partido comunista da Grã-Bretanha, foi feito o primeiro contato com a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
   A SACP solicitou o apoio financeiro dos soviéticos, o que foi prontamente atendido.
  Até este momento o partido comunista sul-africano já cogitava, há algum tempo, a possibilidade de ingressar na luta armada contra o governo de seu país, porém, outros partidos como o ANC (African National Congress) não concordavam ainda com as idéias de confronto armado.
  No entanto, a carência de recursos financeiros por parte do ANC facilitou o contato com os soviéticos, assim, uma aliança foi formada entre a União soviética e os dois partidos de maior importância na oposição Sul-africana.
  A decisão de começar uma luta armada pode não ter sido sugerida pelos aliados soviéticos, porém, certamente foi apoiada por eles, pois, a União soviética tinha interesse na África do Sul, não só pelo ponto geograficamente estratégico mas também por suas riquezas minerais.
  Seria de grande valia para a URSS, que vivia o período da Guerra Fria com os Estados Unidos, conquistar um território tão representativo no continente africano.
  Além de fornecer apoio financeiro os soviéticos também treinavam os guerrilheiros Sul-africanos em alguns países da África, como Gana e Guiné Conakry.
  O conflito entre a China e a União Soviética exigiu um posicionamento por parte do movimento revolucionário Sul-africano, por também manter uma aliança com os chineses. Após prolongar ao máximo esta decisão de assumir um posicionamento definitivo, acabaram por favoráveis aos soviéticos, o que ocasionou a perda do apoio Chinês o ANC e SACP.
  O governo da África do Sul aboliu então os partidos de oposição tornando-os ilegais e prendendo vários de seus lideres como Nelson Mandela, um dos líderes da ANC (Congresso Nacional Africano).
  Com isso, tanto o partido comunista como o ANC começaram a agir no exterior, a União soviética passou então a treinar os soldados da força revolucionária sul-africana em seu próprio território.
  Em meados dos anos 60 calculava-se que já havia meio milhão de guerrilheiros bem treinados pelos soviéticos.
  A sede da liderança revolucionária estava situada na Tanzania, no continente africano, este país, porém, alinhou-se com a China e expulsou os soldados, bem como, a liderança do ANC e SACP de seu país.
  Os soviéticos viram então a oportunidade de ter controle total sobre as forças revolucionárias, seus aviões transportaram os soldados e lideranças revolucionárias sul-africanas para território da União soviética.
  A esta medida, além de treinar soldados, a URSS também formava médicos e enfermeiros, e muitos líderes das forças revolucionárias estudavam em universidades soviéticas.
  Com isso aumentou-se propositalmente a dependência por parte do braço armado do ANC, e do partido comunista Sul-africano, para com os soviéticos.
  Por volta de 1973, surgiu o conceito de “Assalto Total”, em que, liderados pelos soviéticos, a revolução Sul-africana derrubaria o governo do país, o qual seria substituído por uma maioria negra, porém, estes seriam controlados pela URSS.
  Assim, dominariam a Rota do cabo, controlando o abastecimento de petróleo da Europa, e também as riquezas naturais sul-africanas, para que, a Europa Ocidental dependesse exclusivamente da União Soviética, o que a afastariam dos Estados Unidos.
  Isto, porém, não se concretizou. O governo Sul-africano adotou medidas que impedissem tal ato.
  A luta armada revolucionária Sul-africa não obteve grande sucesso no intuito de acabar com o regime do Apartheid. Pode-se dizer que a luta política contribuiu de maneira mais eficaz para isto, principalmente do Congresso Nacional Africano (ANC), em âmbito internacional.
  Pois com a dissolução da União das Republicas Socialistas Soviéticas as forças armadas perderam totalmente o apoio financeiro, impossibilitando ações de maior impacto na luta contra o governo e sua política de segregação racial.